Em dias diferentes, nossos alunos de Pré 2 – o último ano da Educação Infantil – e de 1º e 2º anos do Ensino Fundamental conheceram a nova sede do Museu do Pontal, na Barra da Tijuca.
Marcado por ser um projeto de valorização da cultura popular brasileira, o Museu do Pontal teve sua nova sede inaugurada no segundo semestre do ano passado (2021) e conta com um acervo de mais de nove mil obras, de mais de trezentos artistas diferentes.
Considerado o maior e mais significativo acervo de arte popular do país, o Museu do Pontal dispõe agora de um espaço de 14 mil m², dos quais 10 mil m² são dedicados à área verde, reunindo mais de 70 espécies de mudas nativas do Brasil. O paisagismo ficou por conta do renomado Escritório BurleMarx, conhecido pelo visual de importantes projetos em diversos estados brasileiros, como a sede da Petrobrás, o Museu de Arte Moderna, o Centro Cultural Paço Imperial, o Museu do Amanhã, a Marina da Glória e até o Jardim Botânico, no Rio de Janeiro; o Museu da Pampulha e o Parque das Mangabeiras, em Minas Gerais; e, em Brasília, o Tribunal de Contas da União e os Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores.
Além da visita guiada e musicada, a grande atração do Museu do Pontal é a beleza das obras artesanais. O talento de artesãos anônimos do sertão do país traz, sobretudo, a riqueza cultural das regiões Norte e Nordeste para o centro da sensibilidade humana, despertando-nos para questões como a desigualdade social, a seca, a fome e, principalmente, o poder criativo de um povo resiliente.
As esculturas de barro – atividade milenar – têm espaço especial nesse passeio. Com recurso pouco e bem barato, é também possível fazer arte, deixando claro que o espírito artístico se aguça inclusive nas situações mais improváveis e menos favoráveis.
Resultado de 45 anos de pesquisa e curadoria, o Museu do Pontal reúne coleções pessoais de artistas plásticos e museólogos de todo o país, como Celso Brandão, Maria Mazzilo, Vilma Eid e os sócios Jorge Mendes e Jorge Guedes, além de acervos das galerias Aruna Karandash, de Alagoas e Arunã Arte Popular, localizada no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
Nessa aula-passeio, nossos alunos conheceram obras de artista populares como Nino, de Juazeiro do Norte, no Ceará e dos mestres ceramistas Galdino e Vitalino, de Alto do Moura – bairro da cidade de Caruaru, em Pernambuco.
As exposições reuniam obras figurativas em cerâmica e barro aludindo a personagens fantásticos, seres mitológicos e criações autorais, que mostram, em sua forma, a importância de percebermos os processos de transformação da matéria a partir dos efeitos de elementos da natureza como fogo, água e ar, na exposição “Entre beiras e margens”.
Os chamados arte-educadores conduziram nossos alunos por um passeio em que o acervo do Museu do Pontal se desvendava por meio da música. Diferentes instrumentos musicais propiciaram aos nossos educandos o contato com ritmos que, embora tipicamente brasileiros, são, muitas vezes, desconhecidos do grande público, como jongo, maracatu e ciranda. A capoeira, o samba e o forró também não faltaram para fazer desta experiência única ainda mais completa, dinâmica e interativa.
Para além das questões próprias das artes plásticas, nossos alunos de Pré 2, da Educação Infantil, ao 2º ano, do Ensino Fundamental Anos Iniciais, puderam conhecer e pensar sobre assuntos como fluxo migratório, construção das grandes cidades e do espaço do campo, festividades tradicionais, profissões alternativas, relações familiares e práticas sociais, além de desfrutar momentos de convivência e aprendizado coletivo.
O Museu do Pontal oferece roteiros de visitação adaptados a diferentes faixas etárias e a priorização de determinados temas se dá seguindo as demandas de aprendizado de cada turma. A engenhoca cinética do artista Adalton Fernandes Lopes, intitulada “Carnaval no Samdódromo”, por sua vez, é uma obra que encanta a todos, bem como o acervo de mamulengos, que nos ofereceu uma divertida encenação de teatro de bonecos.
A exposição “Terra/Terra” traz o Jequitinhonha e suas tradições, com obras das ceramistas Noemisa Batista e Isabel Mendes da Cunha, ao som e à poesia de Gilberto Gil, que foi recentemente imortalizado pela Academia Brasileira de Letras.
O International Council of Museums (ICOM), associado à Unesco aponta que “O Museu do Pontal não é apenas um museu completo de Arte Popular Brasileira, pode ser considerado como um verdadeiro museu antropológico, único no país a permitir uma visão abrangente da vida e da cultura do homem brasileiro”. Foram três dias de passeio ao Museu do Pontal, dos quais retornamos sempre gratos pela experiência de significativo aprendizado e vivência extraordinária para educandos e educadores, haja vista a valiosa possibilidade de expandir conhecimento sobre as raízes históricas de um país culturalmente tão extraordinário.